Quando completei 29 anos faz algumas semanas não pude deixar numa coisa: agora tenho a idade que meu pai tinha quando nasci.
É uma sensação estranha, de que agora definitivamente não sou tão mais filho e que não há espaço para ingenuidades e criancice. E não dá pra não deixar de comparar, ver tudo que me falta alcançar, de pensar no que é igual e no que é diferente. Pra mim é tudo diferente.
Aos 29 anos alcancei menos, tenho menos e só invejo mais. Talvez ganhe apenas em experiência de vida e casos para contar. Quem sabe numa mesa de bar renderia mais conversa, mas mesmo assim tenho minhas dúvidas. Enquanto um tem causos da Argentina, outro tem sobre a Amazônia.
Mas por mais que todo mundo diga que experiência de vida e vivências sejam importantes, sinto que tudo isso não é invejável. No final das contas ninguém inveja histórias vividas por outros, mas sim feitos. Inveja-se os bens, o apartamento decorado, o carro, a estabilidade, as perspectivas, a família, os relacionamentos. O resto é condimento.
Pelo menos uma coisa me conforta. Aos 29 anos não sou pai de ninguém.
6 comentários:
será que não se inveja mesmo histórias? penso que, no fim da vida, é menos provável pensar que "valeu a pena viver porque comprei uma cobertura em Higienópolis" do que "valeu a pena porque tentei, porque conheci, porque experimentei, porque amei". muitas coisas vêm e se vão, mas penso que nossas histórias são nosso único e permanente tesouro...
no fim sim, mas e no durante da vida?
mas se o meio dela não for significativo, nos 45 do 2º tempo é que não vai ser...
E minha mãe que na minha idade já tava na 2a filha?
Astral pesado.
Mas creio que cada um inveja aquilo que deseja ter.
Fuerza siempre, lloro cuando necesario.
gracias.
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