sábado, 27 de fevereiro de 2010

Plá

Faz dois dias coloquei a máquina fotográfica na minha mochila que levo pro trabalho. A desculpa é tentar captar um pouco da poesia da vida cotidiana, essas coisinhas engraçadas ou bonitas que estão na rua e nem sempre damos bola.

Em dois dias tirei só duas fotos. Uma da vista da janela do trabalho e outra do Plá.

O cara é uma celebridade local, conhecido por praticamente todo curitibano. Com seu jeito de Raul Seixas das Araucárias, ele é figura constante no calçadão da Rua XV, na parte região da Boca Maldita, sempre tocando seu violão e cantando suas letras existenciais e loucas, mas que escondem algumas pérolas

Estava voltando pra casa depois de uma sexta-feira estranha, dessas de ônibus que atrasa e acaba com qualquer humor, quando vejo o cara na esquina de casa, ajeitando sua bicicleta, e resolvi puxar papo e tirar uma foto.

Plá, que na verdade se chama Ademir Antunes, foi muito simpático e receptivo. De louco ele não tem nada. É formado em música pela FAP, Faculdade de Artes do Paraná, e se diz um idealista. Vive só da música e da poesia. "Eu não vivo disso, eu vivo isso", falou. Descobri que ele é também morador do Ahú, meu vizinho e mora na quadra da frente. O papo foi animado e resolvi adquirir o cd "Supra Sumo", o 36º de sua carreira.

"Supra Sumo" é uma espécie de Greatest Hits e está muito bem gravado num estúdio, tendo muitas músicas com guitarras, violinos, gaita e até vozes extras. São 20 canções que falam de loucura, amor, filosofia, de que ele gosta de rock mas não fala inglês e de quem trai seu coração não passa de um palermão.

Aqui ele ao vivo cantando "Não falo inglês".



Plá na Anita Garibaldi numa noite de sexta.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Stereototal - Amor a tres


Faz uns anos, não sei quantos, fui ver o show do Stereototal aqui em Curitiba. Essa duplinha mudérna de um alemão com uma francesa cantava em várias línguas e tinha muitos hits pegajosos, entre eles o clássico "L'amour a trois".

A música é uma baita putaria, mas eu curto. Fazer o quê? Eles já tinham versão em alemão e em inglês, que você pode encontrar no youtube Agora eles lançaram um cd só com músicas em espanhol, entre elas "Amor a tres". Sensacional! E prestem atenção com o sotaque da francesa!


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Coco, el paragua

Estou matando minha saudade de Buenos Aires, mais especificamente do glamoroso bairro do Once, e aprendendo muito sobre a vida com esse vídeo do "Coco, el paragua".

Paragua é um apelidinho nada respeitoso dado aos paraguaios e que também significa guarda-chuva. Isso se encaixa perfeitamente nessa música, que é uma versão de Umbrella, da americana Rihana.

O clip é uma grande história de amor sem fronteiras. Coco, que veste uma camiseta da seleção paraguaia e é assumidamente gay, rebola e conta a sua experiência. Tudo começou quando ele conheceu um muchacho estrangeiro, provavelmente argentino, em frente de uma igreja em Assunção e se apaixonou perdidamente.

Foi um amor louco e Coco teve que largar tudo por isso. Saiu do Paraguai, cruzou a fronteira, abandonou o hábito de tomar tererê e ainda tem que aguentar o preconceito dos amigos do seu amor. O pobre "paragua" ainda está ilegal na sua nova terra e não pode nem estudar. Ele passa o dia em casa e tudo fracassa. A vida de um imigrante não é fácil, Coco. É muito triste.

Mas Coco não desiste! A grande lição de vida desse poeta é "No importa el dolor, yo me quedo por amor". É isso gente, tudo por AMOR!



Entre as locações do filme estão a Estação de Trens do Onze, na emblemática Plaza Miserere, um dos lugares mais feios de Buenos Aires. Talvez só perde pra região perto da Plaza Constituición, que também é um horror. Também aparecem alguns ônibus, entre eles o 168, praticamente minha segunda casa em Buenos Aires.

Coco também aparece com sua ginga latina na frente da farmácia do Dr. Ahorro, sinônimo de preços baixos em medicamentos na cidade. Se estiver na cidade, fica aí a minha dica para comprar um Sonrisal.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Eu voltei, mas não foi para ficar


Mal saí de lá e voltei para uns dias. Confesso que nem deu tempo de sentir saudade de Buenos Aires.

Estava tudo lá. O caos do trânsito e a incrível capacidade dos taxistas de se entenderem nisso tudo, a mala onda dos garçons, a cidade que está movimentada mesmo de madrugada com ônibus lotados de gente indo pra náite às 3h da manhã, a fugazzeta com fainá e todo o carisma do Abasto.

E só foi dessa vez que fui conhecer a morada de Carlos Gardel, o mais ilustre morador do meu ex-bairro. Uma casa na calle Jean Jaures é hoje um museu em memória do maior ícone do tango. Aproveitamos o dia ensolarado e a entrada grátis (em dias normais cobram 10 pesos) e conhecemos o lar mais tangueiro do mundo. Deu pra ver até a cozinha e o banheiro onde o Gardelão se banhava, sem falar nas paredes com toda discografia do mito do morocho del Abasto. Um verdadeiro achado!

Conheço pouco, muito pouco mesmo, dele. Ultimamente tenho me interessado mais graças as versões de tango que o Calamaro fez. Seus discos "El cantante" e "Tinta Roja" são recheados de clássicos. Ouço a versão do Calamaro e depois vou atrás da original para ver a diferença. Uma bela maneira de conhecer o tango.

Aqui a dramática "Sus ojos se cerraron", que conheci graças ao Calamaro.

Chora Gardel! Chora Abasto!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Enquanto isso num canal esportivo


- Então, fulano, o time vai estar desfalcado e vai ter que enfrentar a equipe tchararã sem a força máxima.
- É verdade, mas o elenco é muito bom, tem grandes nomes e vamos buscar atrás desse resultado positivo.

- E você esperavam que o desempenho do time estivesse tão bom, na liderança?
- É tudo fruto de um trabalho coletivo e juntos estamos mostrando os bons resultados.

- E domingo vocês enfrentam o time tal, quem é o favorito?
- A gente respeita muito o time tal, mas vamos mostrar o nosso valor e partir em busca dessa vitória.

Vi esse diálogo de louco hoje num canal de esportes. Era um repórter tentando entrevistar um jogador de futebol

O jornalismo esportivo, principalmente o de tv a cabo, está diariamente tirando leite de pedra com essas entrevistas. Já reparou que quase sempre elas não agregam nenhuma informação?

Fico me perguntando se é culpa dos jogadores ou dos repórteres tamanha desinformação diária que somos obrigados a aguentar. São poucos os boleiros que realmente respondem as perguntas de maneira decente e por mais que a maioria deles seja milionária, ainda falta um pouco de raciocínio lógico e atenção ao que é perguntado. Muitas vezes o repórter até que faz uma pergunta diferente, mas a resposta é o mesmo script pré-gravado de sempre.

Mas os jornalistas não são assim tão inocentes não. Se sabem que a resposta dos caras é uma bosta e que não agrega nada, pra que colocar sempre uns diálogos que beiram o dadaísmo e surrealismo na tela? Custava fazer algo diferente?

O governo tá certis!

Esse ano eu não vou sair de Pierrot, mas vou me fantasiar

Rufem os tambores, chorem as cuícas, recorrequem os reco-recos! Depois de quatro anos sequestrado voluntariamente na Argentina finalmente vou ter um feriado de carnaval!

Não que eu seja um malandro cheio de ginga ou passista de escola de samba, mas ter 5 dias de folga é algo sensacional. E é isso que o carnaval sempre significou para mim: folga!

Mesmo que nesse ano eu tenha flertado um pouco com a folia, indo presenciar o fuzuê de um bloco de rua curitibano, eu quero mais é sossego. No máximo quero ouvir um comentário de Leci Brandão sobre a comissão de frente da Imperatriz Leopoldinense e sua opinião sobre a evolução da Viradouro. Sério, que nome bom é esse, né? Gosto de encher a boca e dizer com meu sotaque carioca do Méier: Viradouuuuuuuuuuro.

E taí uma das melhores coisas do Brasil que eu sentia falta: seus feriados e o conceito de "emendar", inexistente em solos platinos. Que venha Tiradentes, Corpus Christi, Páscoa, Sete de Setembro e até o Dia da árvore!


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Paradoxo da escolha


Existe uma alegria enorme quando você consegue algo que sonhou e desejou. Alegria, excitação, vontade de gritar GERONIMOOOO no meio da rua, dançar embaixo da chuva e fazer cover de uma canção do Gipsy Kings. Mas logo depois disso tudo vem uma espécie de vazio.

É uma incerteza, uma busca, um "e agora, José?". E agora que conseguimos o que desejamos o que vamos desejar?

Esse é o perigo de querer algo demais. Em quase 100% dos casos você se cega e acaba se esquecendo de tudo aquilo que vem junto com o que você deseja.

Faz algumas semanas vi no youtube uma palestra dessas do TEDTalks que tem o título do post: O Paradoxo da Escolha.

Basicamente o tiozinho sociólogo simpático tem a tese, que ele transformou em um livro, que quanto maior as opções e possibilidades de escolha, maiores nossas chances de sermos infelizes. Ele dá um exemplo dos 125 tipos diferentes de molhos de salada que existem no mercado. Se você escolhe um e ele não é tão perfeito assim, logo você imagina que algum dos outros 124 molhos poderia ser. Quanto mais opções maiores suas expectativas. Quanto maiores suas expectativas maiores suas frustrações.

Segundo ele, o segredo da felicidade é ter baixas expectativas. Difícil, não? Eu que o diga!

Outro exemplo é de um dia que ele foi comprar uma calça jeans. Antes ele chegava e só existia um tipo de calça jeans. Por mais imperfeito que fosse, aos poucos ele ia se ajustando ao corpo e a escolha sempre era acertada. Agora, existem quinze mil diferenças, opções, cores e trimiliques. Antes, se a calça jeans era uma bosta era fácil achar um culpado: o fabricante. Hoje, se a calça é ruim é culpa tua, de quem escolheu.

Ele segue e segue falando e aponta coisas interessantes. Recomendo! Se você está insatisfeito, tentar entender o porquê disso pode ajudar.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Brasilidade: estou me rendendo aos poucos


Hoje foi um dia histórico. Em 28 anos de vida comprei meu primeiro par de havaianas. Aquele chinelo que era pura "chinelagem" até uns tempos atrás e que virou hype e moda finalmente está nos meus pés.

Minhas desculpa era que meu pé doía quando eu usava, mas a grande verdade é que não queria me render. Depois que meu chinelão de Olimpikus highlander de uns 5 anos de idade se desfez poeticamente na noite do ano novo tive que me render.

O engraçado é que logo depois de comprar meu chinelo brasileiríssimo nas Lojas Americanas fui para um pré-carnaval curitibano do "Garibaldis e Sacis".

Ok, vamos dar uma pausa. Convenhamos que é algo que temos que analisar devagar. É muita informação nova ao mesmo tempo. Carnaval, Curitiba e eu na mesma frase é algo inédito. Isso é coisa rara, mas é algo que está me parecendo cada vez natural. Depois de morar tanto tempo longe do Brasil vi o quanto eu tinha de preconceito sobre nós mesmos.

Aos poucos estou dando chance, principalmente para certas manifestações culturais, mas sempre com muito cuidado. Não sou facinho assim não!

Certas coisas que não tem jeito mesmo, meus caros. Na dúvida, prefiro fugir. Vou passar o carnaval em terras portenhas.
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