Sinto falta de conviver com gente diferente. Talvez por morar longe da família ou trabalhar em publicidade, acabo vendo o mesmo tipo de gente todos dias. É um pequeno mundo onde 70% das pessoas possui um Ipod e está mais preocupado com o que vai fazer no fim de semana do que qualquer coisa.
Não é que gostaria de trabalhar em um banco ou como atendente de algum comércio só pra poder apreciar mais a fauna populacional do nosso Brasil, mas sim às vezes isso faz falta pra deixar a gente mais normal. Não é a toa que eu passava muito tempo conversando com meu ex-porteiro Valdeci.
Esse fim de semana fiz outra mudança. Saí do meu querido Ahú de tantas alegrias e me mudei para o Centro Cívico. Pra levar uma geladeira, uma cama, uma máquina de lavar e uma TV de 29 daquelas mais antigas e pesadas chamei o mesmo tiozinho da kombi. Um senhor que tem mais de 70 anos mas humilha qualquer um que se acha fortão. Ele e seu ajudante transportaram tudo na boa, sem reclamar. Acabei indo com eles dentro da boléia da Kombi até o novo apartamento, escutando aquelas histórias e comentários sobre a vida. Foram comentários sobre o ex-governador Requião, o preço da gasolina e a passagem do ônibus. E pra finalizar, depois de transportar tudo pro novo ap, a sinceridade "Você deve estar feliz, né? Esse lugar aqui é bem melhor que o outro que você morava".
Depois logo chegou o senhor que instalaria o trilho das cortinas que contou uns causos de outras casas onde ele já colocou trilhos, reclamou que tem que trabalhar sábado e me fez pensar que meus problemas são tão frívolos às vezes. Depois de uns 40 minutos de serviço, ele terminou tudo saiu me enchendo de "Deus abençoe você e sua vida nessa casa" e ficou numa alegria imensa depois que eu falei pra ele guardar o troco que era de uns 12 reais.
Lembrei daquela música do Pato Fu, que diz que "Vai diminuindo a cidade / Vai aumentando a simpatia / Quanto menor a casinha / Mais sincero o bom dia".
4 comentários:
que lindo, Tulhote!!
é verdade. quando trabalhei em uma empresa grande, convivi com tipos simples como esses que você citou. e lá, as conversas descompromissadas que pude ter com essas pessoas foram muito mais proveitosas do que as que tive com pessoas estudadas e que ganhavam bem mais.
por isso eu gosto tanto do Acyr! Gente boa demais com uma história nova (e bizarra) todo dia. \o/
é bem por ai, quando me mudei paguei mais que o cobinado com carregador pq o cara foi legal demais. E trabalhar no centro e atender gente humilde é escola, eu que sei.
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