segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O que o rock pode aprender com o sertanejo

Esse fim de semana fui até Guaratuba ver um show do João Bosco & Vinicius, espécie de guilty pleasure musical recente. Os caras, que cobram um cachê entre 150 e 200 mil reais, dão um show de produção e me levaram a questionar várias coisas sobre os shows de rock desse nosso Brasilzão.

Fazia muito tempo que não ia a um show popular. Fiquei impressionado como tudo é fácil e flui sem problemas. Será que é tão difícil que o mesmo aconteça no mundo do rock?

Vamos a alguns tópicos

Ingressos:
Comprei por 25 reais, a uma quadra de casa no shopping, sem fila, sem estresse, sem pau em site de venda. Enquanto isso festivais indies cobram um absurdo de ingresso, num sistema que é pra ser moderno mas sempre, eu digo SEMPRE, dá pau.

Infra-estrutura:
Um espaço aberto em Guaratuba, mas com uma super-tenda champz que se mostrou muito útil. Caiu aquele toró na hora do show, mas todo o público (algo entre 2 e 3 mil pessoas) ficou sequinho. Na hora de sair não teve estresse, nem levas de pessoas se congestionando. Apenas fluiu. Enquanto isso nos shows de rock sempre ouço reclamações de gente sobre o estacionamento, a hora de ir embora e etc.

O show:
Luzes, telão, serpentina, explosões de fogos, sem contar que os caras fazem até chover no palco. Os caras que faturam uma nota preta e fazem mais de 200 shows por ano esbanjam animação. Eles podiam apenas chegar lá, tocar as músicas e vazar, mas não é só isso. Quem curte o nicho sertanejo tá cansado de saber quem eles são, mas mesmo assim eles ainda tocam hits de outros grupos. Rolou até Fugidinha, o mega-hit do do momento, além de outras canções de outras duplas. Tudo pra conquistar e ter o público na mão. Os caras interagem, fazem piada, chamam gente da plateia e são puro carisma. Na hora de apresentar os músicos rolou Guns N' Roses, Black Eyed Peas, Red Hot Chili Peppers.

Enquanto isso muitas bandas de rock mal se empenham em dar um oi, seja num mega-concerto ou num bareco alternativo de Curitiba. Não tratam seu show como espetáculo e o público como um mero acessório, um bando de gente que precisa descobrir a "arte" que está sendo tocada no palco. Tenho uma notícia para vocês, caro indiezinho dono de banda: quem está numa sexta-feira ou sábado num lugar raramente está afim de descobrir uma banda nova. Essas pessoas querem é se divertir. Obviamente existe toda aquela aura do rock e do rockstar impulsivo e revoltado, mas isso só é aceitável quando o cara realmente vive da música dele. Quem ainda está lutando pelo seu lugar tem obrigação de tratar bem o público.

Agora, deleitem-se!

5 comentários:

Murilo disse...

SENSACIONAL CHAMPZ.

Sem palavras a acrescentar.

Marcelo Urânia disse...

cara, já vi trilhões de shows populares qdo morava no sertão e ñ tinha opções. e concordo com tudo q vc escreveu, mas faltou tocar num ponto extremamente importante: a música é uma merda.

Túlio disse...

Ou seja, é possível fazer um show decente com ingresso justo e infra-estrutura digna, sem importar se a música é boa ou ruim.

Nayara Duarte disse...

Engraçado que é por alguns desses motivos que prefiro os shows de hardcore da época que era adolescente (e que continuo frequentando esporadicamente) do que shows de indie rock.

Muito mais energia e honestidade. Apesar da gurizada que frequenta esses shows ainda curtir se espancar, sempre rola espaço pra quem quer assistir sossegado. E o melhor de tudo: apesar de muita gente reclamar que as bandas gringas de indie rock tem ignorado Curitiba quando excursionam pelo BR, as de hardcore continuam vindo pra cá... sem estardalhaço, sem filas nem burocracia pra conseguir o ingresso e a algumas quadras de distância de casa ;D

Não curto nem um pouco sertanejo, mas entendi a mensagem! =)

Tiago Dutra disse...

É isso mesmo Tuts, muito bem observado, como sempre. Mas talvez um dia o rock chegue lá, já que o indie está cada vez mais parecido com o sertanejo.

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