"HAHAHAH vamos rir da pobraida feia, essa casta nova que está aderindo a internet e agora põe no youtube seus vídeos horríveis e ridículos. HAHAHAH Como eles são patéticos. HAHAHAH Eles não tem vergonha de ser assim? HAHAHAh Olha só o cara de sunga branca, que coisa horrível" - Talvez seja isso que eu deveria pensar e achar engraçado ao ver o vídeo, mas não foi o que aconteceu.
A primeira coisa que me veio a cabeça foi a felicidade dessas pessoas. Elas não são ricas, não são as mais bonitas, a piscina deles é de plástico está num quintal que ainda falta reboco, mas isso não importa nada porque eles estão se divertindo pra CARALHO! Dane-se as dívidas, o chefe do trabalho, os quilos a mais e todas as frustrações da vida, está um dia de sol e eles estão aproveitando o máximo disso com funk no talo e um red label!
Enquanto nós, da classe-média esclarecida, ficamos aqui o dia todo em frente ao computador, com horas extras e redes sociais, fazendo planos e planos pro fim de semana ou pro carnaval, tendo que enfrentar horas de congestionamento para chegar a um lugar onde programamos que devemos nos divertir e policiando nossa vontade para não fazer nada que as outras pessoas achem condenável, esse povo se diverte sem limites, a qualquer hora. Deve ser isso que incomoda. Esse riso fácil, essa despreocupação muleque, essa gente feia que sensualiza mesmo assim.
A gente enche a cara em botecos caídos e caros, faz piadas sem graça com a galera da firma, sai de noite em baladas "cool" e nunca se diverte porque o que é IN é ter cara de cu e blasé. Estamos sempre reprimidos sem perder a linha porque afinal o que os outros podem pensar? Wow, vão achar que estou me divertindo e isso é um crime. Assim, somos obrigados a nos embebedar ou nos drogar mesmo para aguentar tamanho tédio nas nossas saídas de classe média esclarecida.
Antes de rir, pense qual foi a última vez que você se divertiu tanto assim como essa galera na piscina? Eu to aqui tentando lembrar.
11 comentários:
que saudade que me deu da pisicina de plastico que eu tinha.
Você capturou exatamente o espírito dos novos tempos. Até me assustei com seu tweet.
E olha... por ver essas pessoas assim fico feliz. Fico triste é por ver quem ainda critica.
em um belo dia ri gostoso dentro de uma livraria enquanto folheava o "placas do braziu". fui reprimida docemente por metade da loja.
isto nem é questão de classe, é de bom senso. veja: de que vale, por fim, morrermos estudando, trabalhando e acumulando amigos no facebook que eles não nos servem para mais nada?
ainda acho que esta não é a "minha" diversão, mas posso lhe garantir que os invejo. e os invejo mesmo. em terra de quem sabe rir, rugas não são feias. e aqui todo mundo envelhece muito mal.
A cena é inegavelmente breguíssima e divertida. As duas características não são excludentes, tendem até a andar de mãos dadas.
E certeza que esse pessoal vive zoando algum tipo de pessoa, dá nada.
Garbln
eu troco essa piscina por qq creamfields!!!
É bem essa a ideia, Ciana!
Uhúuuuuuuuuuuu
Tem razão. Texto muito acertado.
E tenha certeza que vai comer melhor em qualquer festa no subúrbio, onde sempre há churrasco.
Na Zona Sul, comida de festa é igual a pastinha sem graça e muita fome.
O episódio recente do "Mate um nordestino afogado" no Twitter - e sua repercussão - dão uma boa explicação do porquê de este vídeo estar num blog de humor.
Engraçado que um dos bares preferidos pela galera classe média alta paulistana se chama "Favela", mesmo ficando no Itaim e custando uma nota. Parece um certo reconhecimento de que eles têm que "se favelar" para se divertir. Mesmo que bem longe dos pobres.
Bom, eu assino embaixo da declaração da Ciana.
Boa Tuts, muito bem. Você está começando a entender que ser elite, formador de opinião, coolhunter e antenado é, no fim das contas, CHATO PRA CARALHO. :D
Isso aí, VIDS!
Bom, eu também achei engraçada a cena e, com certeza a tentativa de fazer "humor" com isso soa bizarra e preconceituosa. Por outro lado, a inocência da cena é quebrada pela música que confere outros sentidos à palavra "pobreza". Um tipo de música que já foi absorvida por todas as classes sociais e revela quão medíocre é a nossa época.
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