sexta-feira, 4 de junho de 2010

24 horas com bigode

De Túlio P&B


Todo homem tem uma espécie de ritual ao fazer a barba. Um sistema ou método que se aplica desde a adolescência, quando começam a nascer os primeiros pelos faciais, e vai se aperfeiçoando com o tempo.

Pra mim sempre foi a mesma coisa. Começo a fazer a barba do lado esquerdo, pulo pro direito, depois queixo e para arrematar o bigode. É normal deixar o bigode lá intacto, admirá-lo no espelho por alguns segundos, imaginando como seria sua vida com ele, e só depois então passar o Mach 3!

Como faz um frio danado em Curitiba e minha muchacha está longe (pausa dramática, drama com violinos e bandoneón de tango no fundo), acabo fazendo a barba uma vez por mês e quando esse momento chega o bigode está bem respeitável. Na última quarta, enquanto me afeitava, olhei no espelho e tomei coragem para encarar um desafio de pura adrenalina: passar 24 horas com bigode!

Aqui vão os detalhes dessa ousada atitude:

Manhã:

Saio para pegar o busão para ir ao trabalho e já sinto que as pessoas me olham diferente, com mais respeito. Dentro do ônibus, pela primeira vez em anos, uma mulher sentada se oferece para segurar minha mochila, já que eu estava em pé.

Chegando no prédio do trabalho, pego o elevador com um senhor bigodudo. Ele me lança um olhar de aprovação e esboça um sorriso. Sinto que pertenço a um clube secreto, uma confraria de cavalheiros que só admite bigodudos. No trabalho as pessoas riem de mim.

Tarde:

Saio para almoçar com uma amiga, que também ri da minha cara. No restaurante, recebo olhares de duas mulheres que mastigam mignon ao molho madeira. Imagino que elas aprovam meu look e se sentem atraídas por uma figura máscula e bigoduda, algo que está ficando tão raro nos dias de hoje com tanta metrossexualidade e frescura.

De volta ao trabalho, recebo instruções da atendimento com quem sempre trabalho. Meu bigode recebe o primeiro elogio do dia "Ficou bom".

Noite:

Passo num supermercado no Centro para comprar cervejas e levar para a casa de um amigo. A fila está enorme e um senhor meio lóki, que usa um chapéu de cowboy, começa a reclamar e, entre as dezenas de pessoas na fila, me escolhe para conversar. "Dá pra ir de táxi até aí?", diz ele. O que segue é um diálogo surreal sobre a lerdeza da fila e um táxi. Imagino que ele me escolheu para conversar por causa do bigode.

Chegando na casa do amigo para ver o péssimo jogo Palmeiras X Flamengo, sou recebido com mais risadas. O bigode também recebe mais um elogio, dizem que até que combinou. A noite acaba e chego em casa tão cansado que nem tiro o bigode. Só faço isso no dia seguinte, terminando meu experimento sociológico comigo mesmo. Ou seja, acabei ficando umas 36 horas bigodudo.

Adendo:

Aqui um link de bigodudos tentando descrever a sensacão de ter um bigode, uma campanha do Festival de Cinema Independente de Buenos Aires.

10 comentários:

@snel disse...

Chê, Túlio, a mosquinha (praticamente uma varejera movida a toddy) não precisava. Mas enfim, parabenizo o amigo pela iniciativa.

Sugiro atá a criação do MPBDB: Movimento Pelo Brasil de Bigode.

Túlio disse...

A "mosca" no caso se chama mosquete e é algo vítima de um grande preconceito!

giancarlo rufatto disse...

tambem não entendo esse tabu do bigode, é tipo chapeu e boina, pq sera que se aceita um reles boné e um chapeu não? onde foi que mudaram o esquema?

Unknown disse...

cruzes!

Túlio disse...

Preconceito bobooooo! Bigodes now!

Anderson Moreira disse...

A comunidade portuguesa com certeza iria gostar!! Já que a seleção de Portugal não atendeu aos pedidos de seu povo em jogar a copa com bigodes, Tulio o fez.

E um viva também ao povo mexicano. Arriba!!!

Tiago Dutra disse...

Túlio, esse negócio de bigode eu manjo. É pura malandragem! Realmente, uma bela iniciativa e um eficiente instrumento de SEDUÇÃO. Em conjunto com a pistola integradora é imbatível.

Túlio disse...

realmente é um diferencial!

Juliana Bragança disse...

eu nao gostei do bigode, mas o eugenio aprovou a experiencia sociologica com vc mesmo! aahhaha!

Leo Vinhas disse...

Requer macheza.

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