Confesso que não sei mais dizer qual é meu gosto no cinema, que tipo de filme mais me agrada. Por um tempo achei que eram aqueles com várias referências pop, como Alta Fidelidade, ou qualquer coisa com a Kirsten Dunst, como Elizabethtown. Depois achei que o que curtia mesmo era o chamado cinema independente americano, coisas como Juno, Little Miss Sunshine ou Lars and the Real Girl, que eram inteligentes e originais sem cair em muito experimentalismo.
Mas aí eu vejo um filme nacional super popular, que bateu recordes de bilheteria na sua estreia, como Chico Xavier e chego a uma conclusão simples. Basta de me enganar, eu sou do povo!
Assim como "Dois Filhos de Francisco", "Chico Xavier" cala a boca dos críticos que dizem que cinema popular brasileiro é sinônimo de novelão.
O filme me ganhou pela belíssima direção e principalmente pelo roteiro. Ágil, com momentos de humor e sem desbancar para a pieguice, a história é contada de forma não linear, apresentando também tramas paralelas (que se cruzam em Belém do Pará).
Tudo começa com a lendária participação do médium no programa Pinga Fogo da TV Tupi, em 1971. Isso é o gancho para apresentar os outros personagens Toni Ramos e Cristiane Torloni, um casal em crise. Das resposta de Chico Xavier nascem os flashbacks e aí acompanhamos como o mineirinho de família pobre se tornou a lenda do espiritismo.
Os atores que interpretam o Chico Xavier estão ótimos, principalmente Nelson Xavier que dá vida ao médium mais velho, de óculos escuros e peruca, e dá um show de interpretação. Quando você assiste a entrevista original, que aparece em pedaços durante os títulos finais, é aí que você se assusta mais com a similaridade.
Não é um filmaço, mas é um bom filme. Por se tratar de uma biografia, é claro que muitas coisas do enredo acabam sendo previsíveis, o que não chega a tirar o brilho da película.
Se você é daqueles que adora um filme francês ou documentários russos, esta é a chance de perder preconceito com o cinema nacional e admitir que você também é do povo.
Parte da entrevista original no programa Pinga-fogo, onde Chico Xavier conta um causo cômico-espírita.
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