Um dos maiores mistérios da minha famíla por parte de pai é a real idade da minha avó.
Não existe nenhum documento que ateste exatamente em que dia e ano ela nasceu. A única coisa que sabem é que foi no dia de 2 janeiro de algum ano entre 1920 e 1923.
Dessa vez pude ficar em casa e conversar bastante com ela e acabei me surpreendendo. Ela tem um Alzheimer leve, esquece de tudo que foi dito recentemente, mas se lembra perfeitamente de coisas que aconteceram há 30 e ate 70 anos.
Uma história que ela se lembra e contou pra mim foi a do seu casamento com meu vô Joel, que nunca cheguei a conhecer. Minha avó era muito nova para se casar e chegaram a falsificar sua certidão de nascimento para isso acontecer. Ela que tinha 13 anos na época, teve o documento modificado para dar 18 anos e ficar legalizado o casamento. Um verdadeiro absurdo!
Nunca tinha ouvido isso, mas ela contou com detalhes cinematográficos isso que aconteceu lá no interior das Minas Gerais. Foi montada no cavalo para o casamento e um escrivão veio a seu encontro, perguntando se ela queria aquilo mesmo. Não teve nenhuma opção se não apenas concordar. Mas não se arrepende não, era o seu destino segundo ela. Jesus quis assim.
E outra coisa que ela não esquece são os hinos de igreja, vários deles. Passa o dia lavando a cozinha, procurando algo para limpar em casa e entoando vários cânticos. Eu de brincadeira acabo cantando junto, porque muito deles também sei de cor e ela se espanta.
O preferido dela diz:
Quando enfim chegar o dia
da vitória do meu Rei
Quando enfim chegar o dia
Pela graça de Jesus eu lá estarei.
2 comentários:
Ai, histórias de avôs e avós entre o interior de Minas e do Paraná o Rafael tem várias... pra mim ouvir sempre causa uma sensação meio "100 anos de solidão".
Minha família é toda de SC, meus avôs cresceram em colônias (alemãs e açorianas), não casaram tão cedo assim, minha vó-mãe-do-meu-pai tem 75 ou 76 anos e sempre trabalhou fora (começou com 14 anos, e continuou depois que casou, teve 5 filhos e tudo isso, aliás, trabalha até hoje, e diz que não pretende se aposentar...).
Depois de uma certa idade passei a gostar um tanto de visitar a casa dela pra ouvir histórias da época que ela e meu avô eram jovens, ficar olhando a gaveta de fotos e tudo isso. Admiro muito essa galera dos velhos tempos, cheia de história pra contar. Mesmo quando a memória começa a falhar merecem o meu respeito. Dona Joana parece ser uma senhora interessante, com certeza ela deve ter gostado da tua visita. Ah, e eu nasci no mesmo dia que ela, mais de 60 anos depois. Haha.
valeu, Nayara, pela visita e o comentário.
pois é, depois que a gente fica um pouco maior deixamos de achar nossos avós chatos para admirá-los. pelo menos assim foi comigo.
Postar um comentário