terça-feira, 4 de maio de 2010

Deu no New York Times

Só a capa que podia ser mais bonitá, né não?

Ainda estou na página 110, de um total de 416, mas já percebi que "Deu no New York Times", do Larry Rohter, não é apenas ótimo porque dá uma amostra de como o Brasil é visto lá fora. O livro traz um pouco da história do jornalista e revela insights que fogem da obviedade que só um estrangeiro numa cultura diferente pode ter. Ou aquelas coisas simples e banais para nós, que aos olhos de um alien são todo um tratado antropológico

O que o ex-correspondente do New York Times no Brasil diz sobre certos dogmas brasileiros é de impressionar. O exemplo do carnaval, que ele diz claramente que não é o maior espetáculo do mundo e ponto, é extremamente lúcido.

Porém o que me pegou mais até agora na leitura é o que ele diz sobre a vida de um estrangeiro, que ao contrário do que muitos pensam, não é nada fácil. Larry aponta três estágios de viver numa sociedade que não é a sua: deslumbramento, desilusão e resignação.

Vivi muito desses estágios na Argentina e vi o mesmo com muitos amigos brasileiros de lá. Era muito comum eu dizer que todos no começo vivem uma "lua de mel com a Argentina". Aquela fase que você mais parece um turista na cidade onde mora, vendo graça em qualquer bobagem, achando tudo diferente e sensacional. A vida cultural, a cidade belíssima, as mulheres hermosas uma hora começa a virar normal e depois você enche o saco. Ou se resigna ou passa raiva. Não é a toa que o Larry Rohter diz que viver numa sociedade que não é a sua é um trauma.

5 comentários:

jv disse...

é uma pena que vc não deu uns exemplos seus ou citações do livro, porque fiquei curioso.

Tiago Dutra disse...

Concordo cara. Viver num lugar que não é o seu é complicado. Depois de não encontrar um pote de cheddar no feriado de 1° de maio, entrei forte na fase da resignação.

Túlio disse...

Toda vez que eu tinha que encarar uma fila no COTO lá em Buenos Aires era desilusão e vontade de voltar!

Leo Carioca disse...

Só não concordo na resignação. Acho que mais do que isso, é se adaptar ao lugar, com as coisas boas e as péssimas.
Depois de 8 anos no Rio, já não reclamo de raiva e sim de coisas pq estou envolvido como qualquer pessoa que mora aqui. Ao final, enfrento os mesmo problemas da cidade como as que masceram aqui Só que sendo estrangeiro tem que ter cuidado, pq muitos acham que você reclama como se o próprio lugar de origem fosse o paraiso. Nunca comparo os dois lugares, é chato mesmo. Sempre alcaro que na Argentina é igual ou pior.
Tambem morando aqui vi problemas que antes no precibia em Buenos Aires e agora sim cada vez que volto lá. Em resumo, você nunca vai ser do lugar onde mora 100%, porém, tambem deixou de ser do lugar onde nasceu.
Concordo que a fila de Coto é uma merda e deprimente.

Uma coisa do livro do Rohter é que destca a literatura brasileira, muitas vezes pouco valorada aqui; e não fala de Machado Assis e sim de Nelson Rodrigues, por exemplo.

Silvia disse...

Procurando o que fazer nos dias que passarei em BAs, achei seu Blog. Isso, para descobrir que você é meu vizinho, escreve coisas interessantes (nos blogs, não naquelas ridículas chamadas de TV,apesar de me surpreender, pois eu não sabia que aquilo precisava de redator), mas, pena, detesta minha cidade. Ainda que eu entenda que andando de ônibus e almoçando por R$ 4,50, seja difícil gostar de algum lugar. E isso, que o inverno ainda nem começou!!! Tomara que você resista! E obrigada pela diversão.

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