terça-feira, 19 de abril de 2011

Te odeio, isso é o amor


Quando gostamos de alguém corremo o sério risco de não gostar mais dela um dia. Gostar? Ok, deixemos o eufemismo pra lá. Quando amamos alguém corremos o sério risco de não amá-la um dia.

Existe o risco de encontrar inesperadamente essa pessoa na rua e ter que correr e mudar de calçada só para não ter que falar alguma coisa, fingindo que aquele amor nunca aconteceu. O engraçado é que isso não acontece quando esbarramos com um amigo que não vemos há tempo. Quando encontramo um amigo da infância, por exemplo, nós gritamos de alegria, abraçamos, damos risada e mostramos um interesse gigante e real em saber o que ele anda fazendo da sua vida.

Com as pessoas que um dia foram seu amor, pessoas que em algum momento tiveram um passe-livre para todos os detalhes mais íntimos da sua vida, essa empolgação raramente existe genuinamente. Podemos perguntar sobre o trabalho atual dela, das suas viagens, sobre sua família, mas sua mente não vai processar tudo direito. Essas pessoas só podem existir em preto ou branco na nossa cabeça, ou tudo ou nada. Abraçamos efusivamente aquela pessoa que jogou Super Nintendo em 1994 com a gente e ignoramos aquela pessoa que abraçamos no meio da noite quando ela acordou numa crise de choro dizendo que tudo estava errado na vida dela e o que mais queríamos naquele momento era ajudá-la, ser um super-herói para salvá-la daquele momento.

Por que nos apegamos a certas pessoas e nos forçamos a esquecer outras? A parte mais difícil do amor sempre é lidar com os extremos. A rapidez que podemos ir de "Me abraça essa noite" para o "Vai pra PQP".

Temos uma talento único em odiar quem já amamos. O ódio é pura paixão, assim como o amor é paixão. Deveríamos saber disso ao assinarmos o contrato amoroso: "Estou ciente do fato que amar você possui um potencial enorme para a tragédia. Declaro que conheço as possibilidades enormes de te odiar um dia até o meu mais profundo ser".

De alguma maneira o ódio é um grande elogio. Porque no momento exato que você consegue cruzar com sua ex na rua ou no supermercado e dizer um "oi" sem problemas, você já superou tudo. O amor agora morreu ou está alojado num compartimento mais saudável do seu cérebro. Isso é ótimo, mas significa que tudo já é passado. Tecnicamente é isso que deve acontecer. É o caminho que todos os relacionamentos devem seguir. Porém renunciar a essa paixão e a esse ódio às vezes pode ser a coisa mais difícil a ser feita. Muita gente prefere seguir odiando porque acham que às vezes é melhor se apegar a esse sentimento ruim do que não sentir nada.

Título tirado dessa música do Ira!

Esse texto é uma tradução livre do ótimo Tought Catalog.

2 comentários:

Mari Eller disse...

falou tudo. e eu ainda atravesso a calçada. não vejo a hora de dar aquele "oi" sincero, de coração! :)

giancarlo rufatto disse...

eu sou uma pessoa bem resolvida, não tenho problemas com ex namoradas, ou ex peguetes ou etc, eu quero que todas sejam felizes, mas não mais feliz do que eu, claro.

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